E há uma coisa que às vezes me incomoda: o ataque contínuo aos alvos-fáceis. O alvo-fácil é o ponto de partida para uma construção de opinião, aquela visão esteriotipada do problema, é importante no despertar do raciocínio, contanto não se deve parar nele e ignorar o resto.
Por exemplo. É fácil ouvir, falar e fazer piadinhas sobre igrejas evangélicas. A primeira coisa que você geralmente ouve (de um não-evangélico, claro) é o comentário sobre o dízimo, que já emenda na opinião de que os pastores são charlatões e termina no diagnóstico lógico e simplista, "são todos ladrões". Não, não sou fã de R.R. Soares, nem digo que são todos honestos. Mas quando se escuta uma acusação dessas de maneira tão automática é, no mínimo, tendencioso.
Ariano Suassuna e companhia detestam estrangeirismos linguísticos, principalmente quando são em Inglês, pois afirmam que tira a identidade da língua. Nação Zumbi, banda pernambucana, utiliza estrangeirismos em Inglês e é um dos grupos com mais identidade que conheço nessa vida.
Falar em Inglês é coisa de Yankee capitalista. Falar Francês é chique.
Para abrir a boca e generalizar uma questão precisa-se de cuidado. E esse cuidado só surge a partir de uma observação detalhada, feita no intuito de não gerar comentários injustos. Infelizmente, não é a prática da maioria.
Então ouvimos críticas automáticas sobre assuntos recorrentes. E isso nem sempre ocorre apenas de um lado da opinião. É mais fácil ficar em um dos extremos (seja a favor ou contra) do que encarar o equilíbrio dos fatos.
1. "A novela fala de problemas da atualidade" X "A Globo é manipuladora"
2. "Brasileiro não desiste nunca" X "O brasileiro é preguiçoso"
3. "A maconha é ruim e vicia" X "A maconha é natural e não faz mal"
4. "O problema do mundo é a falta de Deus no Coração" X "A religião é o ópio do povo"
5. "Ser gay é doença" X "Ser gay é normal"
6. "Aborto é assassinato" X "O corpo é da mulher, ela decide o que vive dentro dela"
7. "PSDB" X "PT"
8. "Capitalismo" X "Comunismo"
9. "Orkut" X "Facebook"
...

Essa lista possivelmente é infinita, assim como pareceu ser esse texto quando você foi verificar o tamanho antes de ler. Sei que nem sempre é fácil ficar no centro, no equilíbrio, considerando todos os fatores e tentando ser o mais justo possível. Um posicionamento mais agressivo se faz necessário em alguns casos. Eu faço isso e já fiz muito nesse próprio blog, inclusive.
No entanto, quando você estiver sendo agressivo defendendo a legalização/proibição das drogas ou do aborto, quando tiver raiva de uma pessoa e pensar que é pelo fato dele ser ateu ou crente, saiba que seu argumento, antes de tudo, é injusto, limitado, logo, não-possuidor de uma verdade incontestável. Sabendo disso, abra a boca à vontade, que você vai acabar falando menos besteira, mesmo sem querer.
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